No dia 3 de dezembro de 2014, foi realizado na sede da CAPES em Brasília o primeiro Workshop sobre Mestrado Profissional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos, que tinha como finalidade propiciar a atualização e ampliar o debate sobre a temática de Gestão e regulação de recursos hídricos, de modo que somada a experiência dos meios acadêmicos, estimulasse a orientação para a preparação de uma proposta de curso de Mestrado Profissional em Rede Nacional nesta área.

       Neste Workshop foram apresentadas algumas deficiências e problemas detectados pela ANA com relação à gestão dos recursos hídricos no país:
    1. Falta de expertise e conhecimento técnico
    2. Falta de profissionais em segurança de barragem
    3. Falta conhecimento em hidrologia e hidrogeologia por parte de muitos profissionais
    4. Existe desnivelamento muito grande na formação/conhecimento entre técnicos que atuam em órgãos federais e aqueles que atuam em órgãos estaduais. Há disparidade entre os estados, mesmo quando se considera a capacitação de funcionários federais
    5. Desbalanceamento na capacidade de gestão entre estados da federação
    6. Falta de visão institucional do modelo da agência federal (ANA
    7. Decadência e esgarçamento dos órgãos gestores
    8. Necessidade de fortalecimento dos órgãos gestores.
       Na sequência, foram realizadas reuniões com equipes da ANA, CAPES e Universidades públicas que responderam à consulta feita sobre o interesse em participar da elaboração da proposta, fornecendo informações e dados sobre Compromisso Institucional, Infraestrutura, proposta para a elaboração do Programa, Corpo Docente e respectiva Produção Intelectual. A rede inicial, após as articulações decorrentes, foi composta pelas seguintes Instituições Associadas: Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Universidade do Estado do Amazonas - UEA, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP, Universidade de São Paulo – São Carlos - USP/SC e Universidade Federal do Espírito Santo – UFES.

       Para a montagem da proposta institucional, a Pró-Reitoria de Pós-graduação da UNESP procurou inicialmente reunir internamente especialistas em diversas áreas do conhecimento ligados e com atuação/interfaces em recursos hídricos, pertencentes ao quadro de docentes da UNESP e colaboradores externos que fazem parte de curso de pósgraduação na UNESP, no sentido de contribuir com a iniciativa da ANA e da CAPES para a formulação desse curso de mestrado em rede nacional em conjunto com outras universidades instituições públicas de excelência de ensino, pesquisa e extensão universitária do Brasil. Procedimentos semelhantes ocorreram nas demais Instituições Associadas para a definição do corpo docente e das disciplinas, considerando-se propostas decorrentes das reuniões ocorridas com entre seus representantes e os proponentes.

       O corpo docente (permanentes e colaboradores) foi definido por Instituição Associada, com professores de seus próprios quadros ou com docentes de outras IES que foram convidados a se unir a esse esforço em prol de causa nacional. Dentre as premissas adotadas para a composição do corpo docente foram definidas: a formação em diversas áreas do conhecimento (Engenharia Civil, Engenharia Cartográfica, Engenharia Florestal, Engenharia Mecânica, Biologia, Engenharia Agronômica, Geografia, Ciências Sociais, Oceanografia, Geologia, dentre outras), de modo a propiciar abordagem multi e interdisciplinar nas disciplinas e nas pesquisas decorrentes; docentes com reconhecida competência científica e técnica em recursos hídricos e temas associados; docentes com atuação em órgãos de gestão de recursos hídricos ou correlatos; e docentes de instituições das várias regiões geográficas do Brasil, de modo a propiciar o estudo das diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais dessas regiões, fundamental para a gestão dos recursos hídricos, como previsto na Lei Federal 9.433/1997.

       Tendo em vista a dificuldade (em razão de desequilíbrios regionais, aspectos institucionais, sobrecarga de agendas individuais etc.) de se montar um quadro de docentes permanentes em todas as Instituições Associadas com o perfil desejado ao PROF-ÁGUA, garantindo-se o atendimento pleno aos critérios de qualidade que se espera da pós-graduação no país, foram incorporados na proposta docentes colaboradores que tem efetiva contribuição para a implantação da proposta e para o desenvolvimento de trabalhos integrados e, em alguns casos, com potencial crescimento científico e técnico, de forma que nestes casos, progressivamente e mediante avaliação periódica, possam ter outro enquadramento futuro no PROF-ÁGUA (o que também se aplica aos docentes permanentes.

       Ainda na perspectiva de organização do corpo docente, é importante destacar que o oferecimento das mesmas disciplinas obrigatórias em todas as Instituições Associadas, exigirá a intensa interação de docentes nessas temáticas, para o planejamento e execução dessas disciplinas, de forma a garantir sua qualidade, o estudo dos conteúdos básicos e a aplicação de avaliação unificada. Para tanto, além do uso de ferramentas de educação a distância, serão incentivadas os intercâmbios entre os docentes.

       Assim, esse programa representa o esforço de um conjunto de Instituições para contribuir no enfrentamento da crise hídrica com a formação de profissionais habilitados para os grandes desafios da gestão das águas. Dessa forma, este curso deve ampliar e aperfeiçoar conhecimentos teóricos e práticos voltados ao desenvolvimento de um alto nível de desempenho dos alunos em suas profissões que permita responder às demandas das instituições que lidam cotidianamente com os desafios da gestão das águas em nosso país.